
No ponto de ônibus, uma amiga de redação pergunta o que falta agora, a um mês da viagem. Faço um
check list mental.
Passagens: ok. Reservas em cinco hostels: ok. Seguro viagem e documentação: ok. Poupança: ok. Cartão de crédito internacional: ok. Mochilão com rodinha e roupas para o frio: ok. (...) Respondo, com angústia de roer as unhas, que uma das coisas mais importantes ainda não foi resolvida. O roteiro. Ela desenha um sorriso. Não acho engraçado, mas estico os lábios por educação.
Um metódico e uma controladora viajando pela primeira vez para o outro lado do mundo sem mapa das cidades e do metrô, cronograma de atividades com data/horário/instruções para chegar e sair do local, quantidade de comida a ser ingerida por dia, planilha de gastos, guias sublinhados e anotações de amigos???
Desde novembro, quando compramos passagens, me comprometi a estudar a geografia, a história, o idioma, os costumes, as últimas notícias, absolutamente TUDO sobre cada um dos países. Queria conhecer bem para otimizar nosso tempo por lá. Estrategista. Cinco meses se passaram, a vida me atropelou e/ou fiquei com preguiça. No arquivo do Word, debaixo do título "roteiro" há uma infinidade de páginas em branco.
E pergunto a você, leitor: melhor planejar a viagem ou escrevê-la enquanto ela acontece?
Pouco antes de o ônibus estacionar, essa minha amiga encerrou a conversa (e, sem querer, me disse mais do que pode parecer):
- Nath, relaxa. Se perder também é incrível. Você vai descobrir muito mais nesses momentos.